Apareces tão pouco...
Apareces tão pouco nos meus sonhos que quando os sonho chego a ter saudades tuas.
E entretanto tu és ainda a mesma continuas a pôr cravos e rosas ao pé do meu retrato, a idealizar uma casa ao rés das ondas (mal pensas nela, riem nos teus ouvidos nossos filhos) e a fazer da Vida precisamente a ideia que fizeste de mim desde a primeira hora.
Era assim, boa e simples, que antigamente chegavas aos meus sonhos. E como eu, pela minha, calculava a tua pressa, fazia-te chegar rosada e ofegante, exausta de correr da tua porta à porta da minha fantasia.
O tempo era o das flores... E tu colheras uma no caminho e vinhas dá-la ao maior e melhor de todos os poetas. Eu fingia fingir acreditar no que de mim julgavas, e era já acordado que beijava as tuas mãos, pois desceras comigo do sonho e à minha volta o estremecer alegre e o perfume suavíssimo do ar e um silêncio igualzinho ao que se faz quando te calas eram tua presença verdadeira ...
Por que não vens agora? Todo o tempo é o tempo das flores, para os poetas...E tu pensas de mim o que pensaste sempre e bordas nos lençóis as nossas iniciais. Por que não vens? Chegarias ainda rosada e ofegante. Não virias molhar de lágrimas meus sonhos, porque não sabes nada ... Nem sequer que até esqueci a cor e o corte do vestido que tu estreaste (há quantas Primaveras?) no último sonho em que sonhei contigo ...
Sebastião da Gama
Apareces tão pouco nos meus sonhos que quando os sonho chego a ter saudades tuas.
E entretanto tu és ainda a mesma continuas a pôr cravos e rosas ao pé do meu retrato, a idealizar uma casa ao rés das ondas (mal pensas nela, riem nos teus ouvidos nossos filhos) e a fazer da Vida precisamente a ideia que fizeste de mim desde a primeira hora.
Era assim, boa e simples, que antigamente chegavas aos meus sonhos. E como eu, pela minha, calculava a tua pressa, fazia-te chegar rosada e ofegante, exausta de correr da tua porta à porta da minha fantasia.
O tempo era o das flores... E tu colheras uma no caminho e vinhas dá-la ao maior e melhor de todos os poetas. Eu fingia fingir acreditar no que de mim julgavas, e era já acordado que beijava as tuas mãos, pois desceras comigo do sonho e à minha volta o estremecer alegre e o perfume suavíssimo do ar e um silêncio igualzinho ao que se faz quando te calas eram tua presença verdadeira ...
Por que não vens agora? Todo o tempo é o tempo das flores, para os poetas...E tu pensas de mim o que pensaste sempre e bordas nos lençóis as nossas iniciais. Por que não vens? Chegarias ainda rosada e ofegante. Não virias molhar de lágrimas meus sonhos, porque não sabes nada ... Nem sequer que até esqueci a cor e o corte do vestido que tu estreaste (há quantas Primaveras?) no último sonho em que sonhei contigo ...
Sebastião da Gama
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