Ainda existe a casa, ainda está
de pé o velho muro do quintal
e ainda nas vidraças, bem ou mal,
espreitam cortinas das que já não há.
Ainda a trepadeira da fachada
tenta atingir a altura do telhado
e ainda há-de pairar por todo o lado
aquele cheiro de antes, quando nada
mudara ainda e eu te sabia à espera
de mim, contando as horas e os dias,
como quem aguardasse a primavera.
Mas agora há na porta um cadeado
para guardar nas divisões vazias
o inverno que ali ficou fechado.
Torquato da Luz
Sem comentários:
Enviar um comentário