sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As folhas dos plátanos



As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se



na aventura do espaço,


e os olhos de uma pobre criatura


comovidos as seguem.


São belas as folhas dos plátanos


quando caem, nas tardes de Novembro,


contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.


Ondulam como os braços da preguiça


no indolente bocejo.


Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,


traçam erres e esses, ciclóides e volutas,


no espaço escrevem com o pecíolo breve,


numa caligrafia requintada,


o nome que se pensa,


e seguem e regressam,


dedilhando em compassos sonolentos


a música outonal do entardecer.



António Gedeão

Sem comentários: