…“Olho o mar – e estou sozinho. De novo assim. Este mar que não lembra o meu, nem pelas cores nem pelo rebordo das pedras, nem mesmo pelo vento exacerbado. Vai cada um viajando de retorno a casa e ficam-me nos dedos, além das pedras que não trago para casa, o sal agressivo da saudade. Uma nota melódica, como que emitida por um pássaro gritante, ecoa no meu ouvido de escrever e, para dizer a verdade com alguma simplicidade, tenho saudades das vozes e das palavras dos amigos. Quero o calor das suas histórias, a imperfeição dos erros nos respingos salgados da húmida maresia. Sim, levarei dias a refazer a geografia dos afectos, a reaprender fronteiras, do meu português atoado até ao meu espanhol assumidamente circense.
O mar tão perto – tão abrangente, tão aquintalado de sotaques e de jeitos culturais de fazer ternura colectiva. E se todas as fronteiras de arames farpados fossem apenas um sonho mau e simples de ser rasgado com a força da palavra liberdade dita num poema sentido pela espontânea maneira de gritarmos vontades genuínas?
Outrora eu serei de muitos lugares. Por agora peço ao Ruca para repetir a frase do Beto:quem me dera ser onda!”
O mar tão perto – tão abrangente, tão aquintalado de sotaques e de jeitos culturais de fazer ternura colectiva. E se todas as fronteiras de arames farpados fossem apenas um sonho mau e simples de ser rasgado com a força da palavra liberdade dita num poema sentido pela espontânea maneira de gritarmos vontades genuínas?
Outrora eu serei de muitos lugares. Por agora peço ao Ruca para repetir a frase do Beto:quem me dera ser onda!”
Ondjaki