segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quem me dera ser onda


…“Olho o mar – e estou sozinho. De novo assim. Este mar que não lembra o meu, nem pelas cores nem pelo rebordo das pedras, nem mesmo pelo vento exacerbado. Vai cada um viajando de retorno a casa e ficam-me nos dedos, além das pedras que não trago para casa, o sal agressivo da saudade. Uma nota melódica, como que emitida por um pássaro gritante, ecoa no meu ouvido de escrever e, para dizer a verdade com alguma simplicidade, tenho saudades das vozes e das palavras dos amigos. Quero o calor das suas histórias, a imperfeição dos erros nos respingos salgados da húmida maresia. Sim, levarei dias a refazer a geografia dos afectos, a reaprender fronteiras, do meu português atoado até ao meu espanhol assumidamente circense.
O mar tão perto – tão abrangente, tão aquintalado de sotaques e de jeitos culturais de fazer ternura colectiva. E se todas as fronteiras de arames farpados fossem apenas um sonho mau e simples de ser rasgado com a força da palavra liberdade dita num poema sentido pela espontânea maneira de gritarmos vontades genuínas?
Outrora eu serei de muitos lugares. Por agora peço ao Ruca para repetir a frase do Beto:quem me dera ser onda!”


Ondjaki

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Silêncio


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
e que nele posso navegar sem rumo,
não respondas
às urgentes perguntas
que te fiz.
Deixa-me ser feliz
assim,
já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.

Só soubemos sofrer enquanto
o nosso amor
durou.
Mas o tempo passou,
há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
matar a sede com água salgada...

Miguel Torga

Entardecer no Jardim Oudinot



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Voz do povo


Quem semeia ventos,colhe tempestades.
mc

terça-feira, 14 de outubro de 2008